segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

 Primeiros anos de (Des)governo





Livro, organizado por mim e Ricardo Musse, traz uma coletânea de reflexões acercados primeiros anos de Jair Bolsonaro à frente do governo brasileiro.
São contribuidores, entre muitos, André Singer, Bernardo Ricupero, Cícero Araújo, Fábio Konder Comparato, Flávio Aguiar, Jorge Souto Maior, Leda Paulani, Leonardo Boff, Lincoln Secco, Luiz Bernardo Pericás, Marilena Chaui, Michael Löwy, Roberto Requião, Tarso Genro. O Prefácio é assinado por Vladimir Safatle que publico aqui, antecedido da pequenina introdução escrita por Ricardo Musse e eu.

Introdução


O ponto de partida deste livro foi a publicação pelo site A Terra é Redonda de uma série de artigos sobre diferentes aspectos do governo Bolsonaro no momento em que se completou a metade do mandato do presidente.

Os autores dos ensaios são ativistas políticos, intelectuais e professores universitários das mais diversas áreas do saber acadêmico: historiadores; filósofos; cientistas políticos; sociólogos; juristas; economistas; jornalistas; médicos sanitaristas; pedagogos; críticos de artes, de cinema e de literatura; etc.

Os artigos debruçam-se sobre distintos campos da administração e gestão governamental, atentos aos seus impactos sobre a esfera pública, a vida social e as subjetividades individuais. 

O resultado constitui, assim, um diagnóstico multifacetado da gestão governamental e do movimento político denominado “bolsonarismo”. 

A situação atual é explicada, muitas vezes, por meio de um recorte histórico que busca compreender as fontes subterrâneas da crise econômica e política que possibilitou o golpe de 2016 e suas metamorfoses no atual colapso social, sanitário e institucional. 

Alguns autores optaram por remodelar o seu texto, mas a maioria preferiu mantê-lo tal como foi publicado à época.

Esperamos que o leitor possa extrair daqui reflexões importantes para este momento tão difícil e complexo da vida brasileira. Boa leitura!


Ricardo Musse

Paulo Martins

Organizadores

Prefácio

Esse livro é, inicialmente, a expressão da capacidade de intervenção e análise da universidade brasileira diante de um dos mo- mentos mais sombrios de nossa história. Nele, as leitoras e leitores encontrarão textos analíticos e de intervenção a respeito do processo de explicitação do colapso da democracia formal brasileira a partir da ascensão de Jair Bolsonaro. Enquanto o Brasil confrontava-se com o fim do sistema de pactos da Nova República, com o retorno das matrizes do fascismo nacional, com a explicitação da guerra civil não declarada do estado policial contra as populações submetidas historicamente à pauperização e desaparecimento, a universidade compreendeu que era tarefa sua intervir, alertar e mobilizar. Nesse sentido, ela lembrou daquilo que lhe define, a saber, ser o espaço de exercício da crítica implacável do existente, na crença de que tal exercício é condição fundamental para que a sociedade encontre forças para criar novas situações e se confronte com a verdade de sua condição, por mais dura que ela seja. 

Quando o governo Bolsonaro subiu à cena política, um de seus alvos reiterados e preferenciais foi a universidade brasileira. Contrariamente àqueles que afirmavam ser a universidade brasileira espaço estéril, produtora de um saber que não teria contato com as fontes vivas da sociedade, esse governo entendeu muito bem a força do que se produz em nossos campi, assim como entendeu a transformação que está a se operar a partir da integração irreversível das camadas populares a nosso corpo discente e docente. Na universidade, gesta-se novas potencialidades de configuração da sociedade brasileira. Por isso, para governos como esse, ela deve ser quebrada e calada. 

Em sua luta contra a universidade, o governo Bolsonaro não temeu mobilizar discursos e práticas que nos remetem aos mais dramáticos momentos do fascismo histórico. As acusações de “marxismo cultural”, as “denúncias” de “permissividade sexual” entre nós podem parecer dignas de anedotário, mas elas tem método. Elas ressoam as acusações de “bolchevismo cultural” e “bolchevismo sexual” que já foram ouvidas nos anos trinta do século passado. Pois elas indicam focos reais de luta. 

Toda transformação social efetiva começa por mudar o lugar natural dos corpos, criar novas circulações e visibilidades de desejos. E a universidade brasileira tem um papel importante nesse processo, ao forçar debates sobre as estruturas disciplinares da vida social e a maneira com que os corpos são sujeitados, classificados e construídos. Mas toda transformação social efetiva começa também por questionar as estruturas de reprodução material e seus circuitos de riquezas. Isto, a universidade brasileira fez desde sua consolidação, através das mais diversas tradições e perspectivas. 

A consciência de habitarmos uma sociedade cuja célula fundamental é o latifúndio escravagista primário-exportador, com suas divisões ontológicas entre dois tipos de sujeitos, a saber, aqueles re- conhecidos como “pessoas” e aqueles postos na condição de “coisas” foi uma arma que a universidade brasileira apontou contra aqueles que procuravam nos fazer acreditar que nossa sociedade saberia lidar com suas contradições em um ritmo tranquilo de conciliações. 

Nesse sentido, há de se lembrar que as inúmeras conciliações que vimos nas últimas décadas foram incapazes de garantir transformações graduais e seguras. Sequer elas foram capazes de desarmar os setores militaristas e fascistas da sociedade brasileira. Nesse exato momento, o Brasil se debate com riscos concretos de derivas autoritárias ainda mais profundas. Em momentos como esses, as sociedades contam apenas com a plasticidade de sua revolta e a insistência na confiança em sua própria capacidade de criação. São exatamente nesses momentos que as universidades tornam-se mais importantes, que seu trabalho deve se tornar mais inegociável e irreconciliado. Livros como esse demonstram como várias gerações de pesquisadores, vindos de várias regiões do país são capazes de mobilizar sua sensibilidade se sentido de urgência para colaborar e lutar ao lado dos mais vulneráveis e espoliados. 


Vladimir Safatle

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Império do “anti” e vestígios do sim

         



Paulo Martins


As eleições presidenciais deste ano, ainda que possam rivalizar com a disputa de 1989 entre Collor e Lula, distanciam-se das demais por se caracterizar como sendo o palco da política do “anti” e da negação. Tal fato, parece-nos, retira o caráter optativo e positivo do pleito, dando azo a uma disputa exclusivamente emocional que desconsidera efetivas propostas de governo dos candidatos Haddad e Bolsonaro.

            A emocionalidade, que ocupa o lugar da razão diante de propostas de governo num momento de decisão, afasta o eleitor de discussões sobre o posicionamento dos candidatos sobre assuntos fulcrais do aparelho de Estado que estão diretamente ligados às vidas das pessoas. Assim, os candidatos e os eleitores hoje deveriam estar debatendo: políticas afirmativas que raparam danos históricos contra mulheres e minorias; direitos trabalhistas conquistados como 13º salário e férias remuneradas; programas de renda mínima implementados em vários lugares do mundo que dão conta da diminuição da desigualdade social; modelos previdenciários que não firam direitos; educação e saúde públicas de qualidade que afastam nossos jovens da delinquência e, por fim, um modelo de segurança pública democrática que torna as polícias em parceiras da população e não em seu algoz. Essas sim, questões que vão além do sim ou do não e que merecem reflexão de todos antes do dia 28 de outubro.

            Na verdade, a carga emocional da campanha é algo que foi gestado, ainda que não de forma intencional, durante alguns anos na rede mundial de computadores e também na grande mídia, ainda que seu palco preferencial tenham sido as mídias sociais, que acobertaram detratores e mitigaram o desejo de exposição de ideias dos eleitores, por uma questão de autopreservação moral e, às vezes, até física. Tais meios de comunicação trazem a lume o ódio e o preconceito. O rancor é o seu alimento, expresso com toda força do páthos e da insensatez.

            Essa passionalidade parece estar no cerne de outras eleições e plebiscitos mundo a fora como foram os casos da eleição de Trump nos EUA e do plebiscito do Brexit no Reino Unido. No Brasil, o apego emocional, parece-nos, está centrado no antipetismo e no antilulismo que obturam as discussões de fundo, de ideias. Não se discute propostas, apenas rechaça-se quem não se quer eleger, ainda que o resultado dessa negação possa ferir seus anseios, desejos e convicções, como que construindo uma servidão voluntária a um carisma político sem conteúdo.

            Pensemos. 20% do eleitorado brasileiro jamais se alinhou ou votou no PT ou em Lula. Portanto, seu discurso sempre foi antipetista e antilulista. Não é para menos que no final de seu segundo mandato Lula tenha obtido aproximadamente 80% de aprovação, descartando-se, pois, esses mesmos 20% refratários. Ocorre, entretanto, que, por motivos de ordem variada, o antipetismo, não sem motivo, ampliou-se e expandiu-se para além da direita tradicional chegando ao centro e até à esquerda mais radical, corroendo o capital político de Lula na ordem de 14 milhões de votos a menor aproximadamente.

            Num primeiro momento as causas de corrosão eleitoral fundavam-se em Dirceu e em sua sanha pelo poder com mensalão. Podemos localizar aí uma primeira diáspora de votos mesmo que não tão sensível, haja vista a reeleição de Lula. Num segundo momento, a ineficiência de Dilma, sob a perspectiva política e administrativo-financeira, acabou por produzir efeitos nefastos na economia, punindo justamente camadas que haviam sido incluídas no consumo com os dois governos anteriores. Por fim, a degradação da estrutura de Estado, catalisada pelo desvelamento de um esquema endêmico de corrupção, acabou por catapultar a rejeição fundada no antipetismo. Essa crítica que acabo de fazer está ainda por ser feita sob uma autocrítica do PT denunciada por Marina Silva em pleno debate eleitoral no primeiro turno.

            Mas são o segundo e o terceiro movimento de votos perdidos pelo PT, advindos da ineficiência de Dilma e da lava jato, os que afastaram o PT do centro social-democrata, de boa parcela da esquerda e mesmo de um contingente eleitoral claramente não tão politizado, efetivando curiosamente a construção de uma malha de apoios muito diferente ao de 1989, quando Covas apoia imediatamente Lula e todas as esquerdas sem exceção.

            Pois bem, o PT e a decepção desses 14 milhões de eleitores – boa parte cegos autômatos da rede – que se unem à desinformação, parcela significativa da grande mídia que aposta na demonização do PT – propositadamente esquecendo-se de sua banda limpa – e, por fim, a naturalização das fake news no rastro nefando de Stephen Kevin Bannon e da Cambridge Analytica nos solidificaram nessa aporia e nessa desqualificação de discurso a que se resumiu a campanha eleitoral até aqui e que nos posicionaram nesse triste e desconcertante momento da História do Brasil em que a política do “anti” se sobrepõe a do “sim” e a da afirmação de propósitos.
            Se nada for feito – inclusive autocríticas são essenciais – ao que tudo indica, nas próximas semanas, o Brasil, automatamente, com a força de um tsunami, terá eleito o político mais despreparado e mal-intencionado, tendo em vista os valores democráticos, da história republicana.

 Urge, portanto, a revisão dos votos nulos e brancos e a conscientização das efetivas propostas para os próximos 4 anos, tendo sido resguardados os princípios éticos e morais, democráticos e republicanos, que converta esse clima de ódio num clima de harmonia e trabalho para todos e todas. Excluindo-se, portanto, os flertes com a homofobia, com a misoginia, com a ditadura e com o preconceito racial.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mesas do IAC no Colóquio de Retórica em Mendoza/Argentina - Março de 2013


Primeira Mesa


MESA TEMÁTICA: EKPHRASIS TEORIA E PRÁXIS


ÁREA DE ESTUDIO PROPUESTA

Retórica de la imagen


Coordenada por Prof. Dr. Paulo Martins – Universidade de São Paulo

A mesa tem por objetivo encetar uma discussão sobre a teoria da ekphrasis e sua prática tendo em vista dois planos: um primeiro que resgata a sua doutrina (Cícero e nos progymnasmata) e um segundo que propõe duas aplicações. Neste último caso, a princípio, propomos primeiramente a apresentação da construção da ekphrasis, primeiro sendo observada a doutrina physiognômica do tratado latino De Physiogmonia Liber, de autoria desconhecida e no segundo caso, tendo em vista a autonomia do gênero ecfrástico em Filóstrato, o velho.


1. Ekphrasis e Egressio




MARTINS, Paulo
Doutor
USP - Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mails: paulomar@usp.br
pamar62@yahoo.com.br


            A écfrase como procedimento retórico ou poético nominado é algo que ultrapassa o século I a.C. já que suas primeiras normatizações e/ou aplicações advêm-nos dos progymnasmata de Teón e Aftônio, afora naturalmente dos exercício que serão operados pelos rétores subsequentes. Fato é, entretanto, que o mecanismo tardiamente descrito pelos rétores já fora usado do ponto de vista prático, desde Homero, passando por Eurípides, circulando em textos helenísticos como os de Mosco de Siracusa, ou mesmo, em epigramas, ditos ecfrásticos, da Antologia Palatina e sendo reutilizados em Roma por Catulo, Cícero, Salústio, Virgílio, Propércio e outros.
Parece-me, entretanto, que afora o conceito de vividez (enárgeia), que é imperativo para a écfrase, o processo/mecanismo que écfrase encaminha sob o ponto de vista textual já era trabalhado e devidamente conceituado retoricamente pela digressio. Este procedimento retórico apresenta também uma pequena diferença, que advém da disposição deste em relação ao outro. Enquanto a digressio deve ser inserida no final do texto, produzindo uma recapitulação argumentativa; a écfrase , por sua vez, pode ser operada em qualquer momento, daí ser utilizada muitas vezes como uma antecipação vívida que traz aos olhos do juiz a causa que será defendida.


2. Ekphrasis, Etopeia e Physiognomonia



RODOLPHO, Melina
Mestre
USP - Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica

            A écfrase é um procedimento descritivo retórico-poético bastante utilizado na Antiguidade, porém, sua teorização só ocorre com os Progymnásmata e a partir da segunda sofística;  ela permite o emprego de diversos mecanismos para tornar o discurso mais vívido, evidente.  Ela foi associada à descrição de obras de arte, já que em Filóstrato vemos as Ekphraseis descrevendo quadros, apesar de inexistentes. Assim, a écfrase permite a visualização da matéria tratada no discurso verbal, no entanto,  pode ser encontrada em diversos gêneros da poesia e da prosa. Considerando a écfrase como descrição detalhada, a etopeia, cuja finalidade é a representação do ethos, utiliza os recursos descritivos para construção de uma effigies ou simulacrum. Nosso objetivo é mostrar como o tratado De Physiognomonia Liber (século IV d.C.), de autoria desconhecida, nos apresenta um catálogo de ethe  que utilizam a etopeia.
            Essa discussão faz parte do estudo do tratado De Physiognomonia Liber, a partir de tradução própria para o português, compondo uma das pesquisas em andamento do grupo Imagens da Antiguidade Clássica que, por sua vez, analisa questões concernentes à relação entre imagem e textos antigos greco-latinos. A Autora é bolsista da CAPES.


                        3. Ekphrasis e enargeia em “Panteia”, Imagens de Filóstrato, o velho

                                                                       

Amato, Rosangela S. de Souza
Bacharel
USP – Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica

Filóstrato, o velho, em Imagens, faz a descrição de uma pintura – imaginária –
que retrata Panteia morta sobre o corpo do marido.  Ele inicia a descrição dizendo que o pintor executou sua obra a partir do ethos da heroína retratado em Xenofonte, que não informava nenhum detalhe físico.  A imagem focaliza o momento da morte e logra obter grande vividez, mesmo descrevendo o corpo já sem vida  de Panteia.
Essa discussão procurará examinar os recursos retóricos utilizados pelo autor na obtenção de tal vividez.
O estudo faz parte da monografia Écfrase e phantasia: Filóstrato, o velho. Pintura e(m) palavras que propõe tradução e estudo dessa obra e será apresentada para obtenção do título de mestre em Letras Clássicas e compõe uma das pesquisas em andamento do grupo Imagens da Antiguidade Clássica que, por sua vez, analisa questões concernentes à relação entre imagem e textos antigos greco-latinos. A autora conta com bolsa da FAPESP.

    

Segunda Mesa



MESA TEMÁTICA: EKPHRASIS E HISTÓRIA 



ÁREA DE ESTUDIO PROPUESTA 

Retórica de la imagen


Coordenada pelo Prof. Dr. Paulo Martins – IAC/Universidade de São Paulo 


Esta mesa temática tem a finalidade de observar a construção ecfrástica de três objetos distintos, entretanto, afins sob a perspectiva de gênero: o historiográfico. A primeira comunicação visa à observação da construção da etopeia de Catilina em Salústio; a segunda, à construção do êthos de Aníbal em Tito Lívio; e o a última, à construção ética dos germanos sob o ponto de vista de Tácito em Germania.
Vê-se nos três casos que temos um ponto de vista observador não favorável a tese defendida já que há que se supor que Catilina, Aníbal e os Germanos não pertencem ao leque de alianças da República e do Império Romano. 

 1. Effigies Catilinae


MARTINS, Paulo Doutor 
USP - Universidade de São Paulo 
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica 
E-mails: paulomar@usp.br 
pamar62@yahoo.com.br 

Meu propósito é analisar a effigies de Catilina em Salústio, tendo em vista as doutrinas sobre a digressão e sobre a écfrase em Cícero (Brutus, 82; De Oratore, 312; Partitiones Oratoriae, 36.128) e nos Progymnasmata (Teão, Ps. Hermógenes, Aftônio), respectivamente. A seleção destes textos retóricos é estabelecida sobre um critério temporal a fim de evitar um anacronismo analítico. Este texto trabalha os conceitos de digressão e écfrase, aplicados a obra historiográfica, no caso específico, à monografia histórica de Salústio, durante a República. Minha argumentação parte comparando os dois procedimentos que por vezes são muito próximos e, por fim, observando como são afeitos à argumentação.

2. Effigies Haniballis 


DIBBERN, Cynthia Helena Bacharel
USP - Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica 
E-mails: cynthiadibbern@yahoo.com.br
cynthia.dibbern@usp.br

Esta comunicação compreende uma análise da construção do êthos do general cartaginês Aníbal na Terceira Década da obra de Tito Lívio. Dentre os diversos procedimentos retóricos utilizados pelo historiador para a criação de uma imago do inimigo romano, a écfrase de ações da personagem cumpre importante papel, ao evidenciar, principalmente, as virtudes militares do comandante, e simular para o leitor a experiência da visão dos acontecimentos. Mas o caráter do general é construído também por meio de etopeias, apresentadas ou pela voz do historiador ou pela de outras personagens, e ainda por meio do discursar do próprio comandante. O retrato resultante destas vozes, muitas vezes divergentes, é o de um general de grandes virtudes e grandes vícios, como a crueldade e perfídia. Com esta ambiguidade, Tito Lívio, além de questionar suas fontes, revela-nos dois aspectos importantes de sua obra: a associação entre conduta moral e destino da pátria, e assim os vícios de Aníbal justificariam a derrota cartaginesa; e o louvor a Roma, uma vez que engrandecer o inimigo é uma forma de elogiar àquele que foi capaz de vencê-lo. A pesquisadora é bolsista da FAPESP.


3. A imago germanorum na Germania de Tácito


FIEBIG, Henrique Verri Bacharel
USP – Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mail: hverri@gmail.com

A Germania de Tácito é comumente classificada, quanto ao gênero literário, como uma monografia etnográfica, a qual pode ser tomada por um subgênero historiográfico, ou melhor ainda, por uma das formas que o gênero historiográfico assume no período que costumamos denominar “Antiguidade Clássica”. Sabe-se que, em tratados de retórica, o escrever da história é filiado ao gênero demonstrativo; ademais, que este gênero retórico utiliza-se da descrição de aspectos físicos e morais para a constituição de um êthos digno de louvor eu vitupério. Isto posto, pretendo apontar alguns dos artifícios retóricos utilizados por Tácito, os quais servem para construção de uma imago dos bárbaros germânicos. O Pesquisador é Bolsista da FAPESP

Hyperboreans


The University of São Paulo/Brazil (Ed.: Humanitas/CAPES/FAPESP) has published "Hyperboreans: Essays in Greek and Latin Poetry, Philosophy, Rhetoric and Linguistics". This book is organized by Paula Corrêa, Marcos Martinho, Alexandre P. Hasegawa, and José Marcos Macedo.


The Authors are: Douglas Gerber; Chris Carey; Elizabeth Irwin; Alberto Cavarzere; Alexandre Hasegawa; Lucia Saudelli; Martin Dinter; Maria Silvana Cilentano; Maria Alejandra Vitale; Charles Guérin; Daniel Rinaldi; Paulo Martins; Albert Rijksbaron; Harm Pinkster; Daniel Kölligan; Wolfgang D. C. de Melo.

domingo, 2 de setembro de 2012

Questões Poéticas em Roma


Curso de Pós-Graduação em Letras Clássicas - Primeiro Semestre de 2013


Universidade de São Paulo – PPG- Letras Clássicas
LATTIM – Laboratório de Tradução de Textos e Imagens
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
VerVe – Verbum Vertere



Primeira Parte:  entre 10 e 20 de março de 2013 (PREVISTO)
Concentrado em uma semana

Professor Kirk Freudenburg (Yale)


1. “Structures of Influence in Roman Poetry” (a general introduction to the week’s seminars, with special emphasis on the imperial logic of the Augustan poets’ deductum Carmen).
2. ‘Callimachean Refusals as Roman Poetry” (a study of the political theatrics of recusatio in Rome, with reference to the recusationes of the Augustan poets).
3. “Greek Irony among Roman Friends” (on Horace’s remaking of satire’s signature aggression).  Assigned readings to include: Horace Sermones 1.1, 2.8, Epistles 1.17, Catullus 1, 5 and 8.
4. “The Cinematography of Virgil’s Aeneid” (on the structuring and manipulation of vision in the Aeneid, with emphasis on the Roman ‘imperialist’ eye-view generated by certain scenes).
5. “Structures of the Self in Roman Epic” (on how tiny details of gestures made, clothing worn, protocols observed and assumptions made in Roman epic refer ‘intertextually’ to Greek poems and ‘interculturally’ to Roman practices).


Segunda Parte:  entre 29 de março e 9 de maio de 2013 (PREVISTO)
Encontros semanais


Professores Paulo Martins, João Angelo Oliva Neto e Alexandre Hasegawa


Dias Previstos: Março: 29; Abril: 4, 11, 18, 25 e Maio: 2 e 9.

6. “O epigrama como fundamento da elegia”. A primeira elegia latina. O jogo como necessidade poética.  A metapoesia. Questões relativas à prevalência temática da Elegia Romana.  (PM)
7. Visualidades épicas. Écfrase e Digressão. A dispositio da écfrase e o enredo da narrativa épica. Homero e Virgílio. O palácio de Alcino e O templo de Juno em Cartago. (PM)
8. Virtude e vício na composição das Sátiras de Horácio (sat. 1, 1; 1, 6; 2, 1) – (APH)
9. A aurea mediocritas no segundo livro das Odes de Horácio (Odes II, 1-10) – (APH)
10. "Catulo 64 ou a resposta antes da pergunta: épica e écfrase neotéricas". – (JAON)
11. "Catulo 22: um livro para ver". – (JAON)
12. “Propércio 2,12: digressão e écfrase”. Divisão do Livro 2 de Elegias. Antecipação e recapitulação. – (PM)

domingo, 1 de julho de 2012

Voltava Sexta à noite pra casa ouvindo "Raindrops keep fallin' on my head", então lembrei de Thelma e Louise. Mas não Lembrei de Butch Cassidy pela cena da Bicicleta, mas pela pela cena final. A solução final dos dois filmes é a mesma! O que acham?


Raindrops keep fallin' on my head
And just like the guy whose feet are too big for his bed
Nothin' seems to fit
Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'

So I just did me some talkin' to the sun
And I said I didn't like the way he got things done
Sleepin' on the job
Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'

But there's one thing I know
The blues they send to meet me won't defeat me
It won't be long till happiness steps up to greet me

Raindrops keep fallin' on my head
But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red
Cryin's not for me
'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin'
Because I'm free
Nothin's worryin' me