quinta-feira, 1 de abril de 2010

Propércio 2, 29a

Mais uma tradução do velho Propécio:

Propércio, II, 29

HESTERNA, mea lux, cum potus nocte vagarer,
nec me servorum duceret ulla manus,
obvia nescio quot pueri mihi turba minuta
venerat (hos vetuit me numerare timor);
quorum alii faculas, alii retinere sagittas,
pars etiam visa est vincla parare mihi.
sed nudi fuerant. quorum lascivior unus,
'Arripite hunc,' inquit, 'iam bene nostis eum
hic erat, hunc mulier nobis irata locavit.'
dixit, et in collo iam mihi nodus erat.
. . .
hic alter iubet in medium propellere, at alter,
'Intereat, qui nos non putat esse deos!
haec te non meritum totas exspectat in horas:
at tu nescio quas quaeris, inepte, fores.
quae cum Sidoniae nocturna ligamina mitrae
solverit atque oculos moverit illa gravis,
afflabunt tibi non Arabum de gramine odores,
sed quos ipse suis fecit Amor manibus.
parcite iam, fratres, iam certos spondet amores;
et iam ad mandatam venimus ecce domum.'
atque ita me iniecto dixerunt rursus amictu:
'I nunc et noctes disce manere domi.'

À noite passada, luz minha, quando ébrio vagava
E coorte alguma de servos acompanhava
Turma diminuta – não sei de quantos meninos
Veio ao meu encontro – o temor impede de numerá-los –
Uns deles, pequenas tochas; outros levavam dardos
Uma parte pareceu preparar-me armadilha.
E estavam nus. Um deles era mais lascivo
E disse: “Agarrai-o, já bem o conheceis.”
“Era ele, é ele que a irada mulher nos entregou”
Disse e no meu pescoço um nó já havia.

****
Outro manda que me empurrem para o meio,
Mas outro:“Morra quem não nos crê deuses!”
Ela te espera, imerecedor, por horas:
E tu, inepto, não sei quais outras procuras.
Quando ela tiver soltado os laços noturnos da mitra sidônia
E tiver entreaberto olhos pensos de sono
Odores te chegaram não de ervas arábicas,
Mas os que os o próprio Amor fez com suas mãos.
“Poupai já, irmãos, já promete tudo de amor.”
“Eis já chegamos à casa mandada.”
E restituído meu manto, disseram:
“Vai agora e aprende a ficar em casa às noites!”