sexta-feira, 30 de abril de 2010

Uma crônica

A HISTÓRIA DO DIA EM QUE FUI VER ALICE RUIZ

Comecei o dia num ônibus para USP. Lá, dei com os burros n'água, porque a pessoa que iria encontrar não foi ter comigo. Eu fui ter com ela. Ela se esqueceu. Esquecerem de mim não sei que número ... Então, no ônibus, em pé metade do caminho, outra metade sentado, pensava em poemas, na poesia, pensava que veria Alice Ruiz; tudo isso para não ruir, para vencer o ruim do desconfortável do ônibus, o difícil do dia. Não faço drama, não exagero, foi assim que foi. Foi. Fui ...

Na USP, sem a pessoa que encontraria, nem grupo de estudos, com a mochila cheia de ecfrases, descrições de batalhas, de cidades, tomei um café com leite, escuro, sem espuma, amargo. O que salvou foi a conversa fortuita com uma descendente de libaneses muito sorridente, cheia deles, dos dentes, de seus parentes.

Esperei por uma hora, nada. Burros n'água. Parti a caminho da PUC/SP, para ver Alice Ruiz. Tuca Arena. Não é aqui, mudou para ... Fui para o Prédio Novo, 3º andar. O elevador passou reto, não me deixou entrar. Fui a pé, pela rampa. Três andares. Lá: não é aqui, é no 2º andar. Fui lá ... Vi, ouvi, senti Alice Ruiz. Tinha que ser assim, tão difícil? Para chegar à poesia, havia a necessidade desse trajeto? Foi minha dor de dentes, minha nevralgia o dia, até ver e ouvir a poesia de Alice Ruiz. Foi. Fui eu na travessia ... até que a poesia de Alice Ruiz abriu o dia, abriu meu dia de poesia.

Eduardo Sinkevisque
28/04/10