quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Trabalhando em um texto...

There have been many discussions on the extension of Propertius’ second book of Elegies. To that effect, philological, of textual criticism and literary arguments are brought up. Up to a certain point, Lyne (1998) achieved a good solution for his division of this book based on his careful reading of the 2.10 and 2.11 elegies. Our task now is to corroborate Lyne’s thesis, presenting new arguments.

Understanding the two first books of Propertius’ as a narratio a persona – I consider that the persona Cynthia is constructed by the poet in these books – I propose the initial elegy of supposed book 2B (Lyne), this is, the 2.12 elegy as a digression, which as it presents the central motive of the first two books also presents itself as a larger poetic program than that which is produced in the previous elegies. This digression, besides its use out of oratorical or narrative realm, has a strong ekphrastical colouring.

This feature, that is, the 2.12 elegy as a digression/ekphrasis impresses on it a strong argumentative weight for the prevalent theme of Roman Augustan elegy: erotics. Thus, 2.12, besides being a poetic programme, 2.12 is also an innovative piece, from the point of view of argumentation, since it exhibits two rhetorical mechanisms: one associated to dispositio (digressio), and another associated to elocution (ekphrasis).

Reading Roman Declamation - CFP

Reading Roman Declamation
Call for Papers

Montpellier, France, November 22nd / 23rd - 2012
Sao Paulo, Brazil, 25th/26th September - 2013
London, UK, 2014

Organized by:

Charles Guérin (Université Paul Valéry - Montpellier III and Institut universitaire de France)
Martin Dinter (KCL)
Marcos Martinho and Paulo Martins (University of Sao Paulo).


Recently scholars have lavished their attention on controversiae and suasoriae and have allowed these genres to leave their corners of neglect. Important studies by Gunderson (2003), Berti (2007) and Frazel (2009) have placed declamatio centre-stage and illuminate social concepts, educational practices or Roman jurisdiction. Naturally, when placed into its socio-historical context the body of declamations that has come down to us (Seneca the Elder, Ps.-Quintilian and Calpurnius Flaccus) echoes its cultural, social and literary background. These texts are not independent and have to be read within their contexts, but at the same time they also constitute a genre on their own, the rhetorical and literary framework of which remains not yet fully explored. What are the poetics of declamatio?As a genre situated at the cross-road of rhetoric and fiction, declamatio offers a kind of freedom and ability to experiment new forms of discourse, and calls for both a technical and literary analysis. If one places the literariness of declamatio into the spotlight (van Mal-Maeder 2007), it becomes possible to study it as a realm of genuine literary creation with its own theoretical underpinning – rather than simply reading it as a gratuitous practice mimicking the practice of real orators.

For this project, we will hold three events, focussing on one author at a time :1. A first event focused on Seneca the Elder in Montpellier in 22nd/23rd November 2012. Confirmed key note speakers: Anthony Corbeill (Kansas) and Danielle van Mal-Maeder (Lausanne). 2. A second event on (Ps)-Quintilian's declamations in Sao Paulo in Sept. 2013.Confirmed key note speakers: Joy Conolly (NYU) and Sylvie Franchet d'Esperey (Paris IV -Sorbonne). 3. A third small event (workshop) in 2014 on Calpurnius Flaccus in London.

We plan to edit a selection of the papers for a volume focussing on Roman declamation in English.

***We invite abstracts for the first two events, Montpellier 2012 and Sao Paulo 2013.

Abstracts of not more than 300 words for 20 min papers in English or French should be sent to by February 15th 2012: roman.declamation@gmail.com

domingo, 23 de outubro de 2011

XVIII Cogresso da SBEC

Durante esta semana ( 17 - 21 de outubro) ocorreu o maior Congresso de Estudos Clássicos já realizado no Brasil. Antiguidade: Recepção e Performance foi o eixo temático.




Sidney Calheiros e Adriano Scatolin





Fábio Faversani, Leni Ribeiro Leite, Ana Tereza Marques Gonçalves





Cynthia Dibbern e Rosangela Amato




Henrique V. Fiebig





Breno Sebastiani, Fernando Rodrigues Jr. e Alexandre Hasegawa






































































































































































































International Conference on Greek and Roman Poetics - Belgrado/Sérvia

Entre os Dias 03 e 09 de outubro de 2011, houve um encontro do qual participei cujos nomes que apresentaram trabalhos são reconhecidamente importantes nos Estudos Clássicos:



  • Ewen Bowie - Corpus Christi College, Oxford

  • Claude Calame - École des Hautes Études en Sciences Sociales e University of Lausanne

  • Richard Hunter - Trinity College, Cambridge

  • Willian Fitzgerald - King's College, London

  • Glenn Most - Scuola Normale, Pisa e University of Chicago

  • Lucia Athanassaki - University of Crete

  • Chris Carey - University College of London

  • Kirk Freudenburg - Yale University

  • Barbara Weinlich - Eckerd College

Minha fala sobre Propércio foi muito bem recebida!

sábado, 9 de julho de 2011

SBR - Sociedade Brasileira de Retórica

A Sociedade Brasileira de Retórica já tem sua primeira diretoria e Conselhos Consultivo e Fiscal eleitos:


Diretoria
Maria Cecília Miranda de Nogueira Coelho, Presidente - UFMG
Kátia Vieira Morais, Vice-Presidente
William Augusto Menezes, Secretário Geral - UFOP
Milene Ribeiro Ortega, Secretário Adjunto - University of Nevada, Las Vegas
Narbal de Marsillac, Tesoureiro - UFPB
Jacyntho Lins Brandão, Tesoureiro Adjunto - UFMG



Conselho Consultivo e Deliberativo

Cassiano de Almeida Barros (6 anos) - UNIMEP
Sandra Lúcia Rodrigues da Rocha (6 anos) - UNB
Marcelo Pimenta Marques (4 anos) - UFMG
Paulo Martins (4 anos) - USP
Marcos Martinho dos Santos (2 anos) - USP
Lineide do Lago Salvador Mosca (2 anos) - USP


Conselho Fiscal (2 anos)

Anna Christina da Silva - UNIMONTES
Diogo orberto Mesti da Silva - UFSC
Helcira Maria Rodrigues de Lima - UFMG

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Primeira Eleição da Sociedade Brasileira de Retórica

Declaro instalada a Assembleia Geral extraordinária à distância da Sociedade Brasileira de Retórica/SBR, a partir das 8h de hoje, dia 04 de julho de 2011, para eleições da Diretoria, do Conselho Consultivo e do Conselho Fiscal da SBR. O pleito se encerrará no dia 07 de julho, às 23h horas, e o resultado deverá ser divulgado até o dia 08 de julho, às 23 horas, quando se encerrará a presente sessão da Assembleia Geral.


Para votar, acesse o linkhttp://www.letras.ufmg.br/EleicaoOnLine/


Belo Horizonte, 4 de julho de 2011.


Maria Cecília de Miranda N. Coelho
Presidente da Diretoria Provisória da SBR.

sábado, 2 de julho de 2011

Balanço de "Vertentes da Ékphrasis" - II Colóquio do IAC










Pode-se dividir o evento em dois grandes grupos. Um primeiro composto de pesquisadores, cuja trajetória acadêmico-científica já está consolidada e um segundo, não menos imporante já que é o estágio inicial do primeiro, formado por jovens se debruçaram e emergiram seus esforços na tarefa de produzir uma reflexão madura - ainda que incipiente muita vez - sobre o tema- problema deste colóquio do Grupo de Estudos IAC (Imagens da Antiguidade Clássica): a écfrase ou a ékphrasis.



As apresentações de Adriane Duarte sobre o Íon de Eurípides, da minha própria sobre o pálacio de Alcínoo na Odisseia, de Fábio Faversani sobre a construção dos Anais de Tácito em chave subliminar, de Angélica Chiappetta sobro as artes da memória, de João Adolfo Hansen sobre a apropriação do mecanismo retórico em obra do século XVIII, de Leon Kossovitch sobre a inter-relação do mecanismo e a própria arte plástica da Antiguidade, de Luiz Babolin sobre as écfrases e as imagines de Lorenzo Ghiberti, de Melina Rodolpho que salientou a zona nebulosa que há entre os conceitos de écfrase e evidência, de Norberto Guarinelo que pintou com as mãos de Suetônio, Tácito, Plínio, o Velho e Díon Cásso a figura de Nero quando Jovem, de Tatiana Ribeiro que estabeleceu aproximação entre Heródoto e Luciano de Samósata, de Eduardo Sinkevisque que erigiu um retrato de Luciano nos séculos XVII e XVIII, de Leni Ribeiro que observou a interface da poesia imperial e esse recurso discursivo , de Erika Werner que tratou da écfrase no poema 64 de Catulo e, alfim, a palestra de Henrique Cairus que propôs moldura histórica à nossa discussão, já que propôs distinções entre verdade e realidade, todos esses, mostraram o quão importante é a limitação desse conceito para aqueles que se dedicam às letras e às artes: historiadores, filósofos e letrados, uma vez que apontaram caminhos diversos e relações importantes que intermedeiam o fazer das letras a partir da écfrase.



Quanto aos trabalhos dos pesquisadores de Iniciação Científica e Mestrado faço uma avaliação geral. Os trabalhos que ora estavam ligados à temática específica, ora dela distanciavam-se me pareceram muito bem encaminhados e dignos de louvor. Entrentanto, penso que os trabalhos que contribuiram diretamente na discussão mereçam uma atenção destacada, já que muito além de uma simples compilação de teoria e doutrina modernas e antigas, esses futuros mestrados e mestrandos somaram-se à reflexão vertical realizadas por seus orientadores destaco os trabalhos de Ana Paula do Nascimento (Cartas Chilenas), de Ricardo Zanquetta (Alberti), de Rosângela Amato (Filóstrato), Lya Serignolli (Representação do Cupido), Jasmim Drigo (Figurações de Cáron), Gdalva Maria da Conceição (Júlio César), Simone Todinandel (Figurações de Lívia), Cynthia Dibbern (Anibal em Tito Lívio), Ygor Klain (Tácito) e Caroline Ferreira (A Cortesã em Plauto).



Vale dizer, também, que, apesar de estarem fora da temática central do evento, os trabalhos de Rafael Trindade, de Rafael Calvacanti e de Fábio Mazarella* provocaram excelente impressão junto à assitência de professores e alunos pela seriedade e profundidade observadas em seus textos, advindas seguramente de leituras de apoio e da destreza no manejo de seus objetos de estudo sob a orientação da Prof. Dra. Leni Ribeiro da UFES, os dois primeiros e do Prof. Dr. Henrique Cairus, o último*.


* na postagem de sábado, esqueceu-me o nome de Fábio Mazarella que hoje acrescento.




Olhos da Memória e a anti-écfrase



27 de junho de 2011 - primeiro dia:





Ricardo Zanchetta, Ana Paula G. do Nascimento (FAPESP) e Cyntia H. Dibbern (CAPES)






Henrique Cairus, Leni Ribeiro Leite e Tatiana Oliveira Ribeiro




28 de junho de 2011 - segundo dia:






Simone Tonidandel (CAPES), Rafael T. dos Santos, Rafael C. do Carmo, Fábio Mazarella







Adriane Duarte (PQ) e Erika Werner




29 de junho de 2011 - Terceiro dia:





Paulo Martins, João Adolfo Hansen (PQ), Leon Kossovitch e Luiz Bagolin



30 de junho de 2011 - Quarto dia:







Caroline B. F. Ferreira, Ygor Klain Belchior (CAPES) e Lya Valéria G. Serignolli (FAPESP)






Norberto Lyuiz Guarinello, Fábio Faversani e Eduardo Sinkeviske (CAPES)




1o. de Julho de 2011 - Quinto dia:




Gdalva Maria da Conceição (FFLCH) e Rosângela Santoro Amato (FAPESP) - Falta a foto de Jasmin Drigo (FAPESP)






Melina Rodolpho (CAPES) e Angélica Chiappetta

sábado, 25 de junho de 2011

Uma hipótese para Belgrado - Propércio 2,11 e 2,12

A elegia 2,11de Propércio, associada à 2,12, suscita uma boa hipótese sobre uma possível divisão do segundo livro de elegias.


SCRIBANT de te alii vel sis ignota licebit:
laudet, qui sterili semina ponit humo.
omnia, crede mihi, tecum uno munera lecto
auferet extremi funeris atra dies;
et tua transibit contemnens ossa viator,
nec dicet 'Cinis hic docta puella fuit.'

Outros te lavrem ou pode ser que passes em branco:
Que te louve quem põe sementes em terra estéril.
Teus dons todos, crê-me, o negro dia de tua morte
Irá fulminar em teu último leito.
E um viajor com desdém irá passar por que foi de ti
Não sem dizer: "Esta cinza foi douta menina".

1) É claramente um Epigrama o que nos permite associá-lo a uma sphragís, a uma assinatura.
2) Apresenta um tom de finalização da obra, ao falar que a menina (Cíntia/Livro de Cíntia ou os dois primeiros livros de Propércio) está morta, pois é a douta Cíntia é Cinza.
3) O eu elegíaco descompromete-se da escritura do livro "outros escrevam de ti ou sobre ti".
4) Os dois primeiros livro de Propércio, dedicados ao amor específico por Cíntia, encerra-se lamentosamente, é quase uma nênia.
5) O poema subsequente, isto é, o 2,12 parece generalizar aquilo que foi apresentado pelo poeta como específico nos dois primeiros livros até aqui: o amor por Cíntia e agora: o Amor, deus.

Essa questão será também discutida por mim em Belgrado na International Conference on Greek and Roman Poetics em outubro.

Odisseia, 7, 79 – 135: ékphrasis

Odisseu em lágrimas ao ouvir Demódoco




Resumo da minha fala no II Colóquio "Visões da Antiguidade"




Paulo Martins

Sistematicamente, tomamos contato com considerações a respeito dos procedimentos ecfrásticos como recurso retórico. Essas os circunscrevem. De um lado, a teorização do mecanismo descritivo às doutrinas retóricas num recorte temporal posterior ao século I, fato que, per se, limita a aplicação desse mecanismo a textos posteriores à regulamentação preceptiva, sob pena de incurso num anacronismo conceitual que, muita vez, imprime projeções equivocadas ao objeto observado e analisado. De outro, Essas mesmas considerações restringem os lugares desse tropo às descrições de obras plásticas (technai plastikai) ou pictóricas ainda que elas possam ser fictícias, i. e., phantasías com peso do verbo.

Nesse sentido, teríamos, no primeiro caso, os exercícios preparatórios (progymnásmata) que tratam explicitamente desse procedimento elocutivo e, essencialmente, argumentativo: Hélio Teão, Hermógenes e Aftônio são exemplares em que se pese aqui a distância de mais de 250 anos entre o primeiro e o último. E, no segundo caso, em decorrência dessa teorização realizada a partir século I, tem-se a apropriação do procedimento e consequentemente sua transformação em gênero das letras pela segunda sofística e daí sua utilização autônoma e fora da normatização poético-retórica específica nos textos de Calístrato e de Filóstrato, o Velho e o Jovem.

Fato é que o confinamento nesses dois vieses estreita a compreensão do procedimento descritivo vívido e claro (ékphrasis), pois que o primeiro grupo de autores – gramáticos e retores – aponta para a épica homérica em chave de exemplum a fim de ensinar o que vem a ser o mecanismo, portanto ser infundada a tese de julgamento anacrônico do procedimento às letras anteriores ao século I. Já o segundo grupo, que podemos, classificar de “descritores de obras”, apesar de apontarem para uma suposta restrição do uso, pois delimitam as ekphráseis às “obras de arte”, recuperam nesse inovador gênero a prescrição de inúmeros outros, entre os quais, o épico, o idílico, o epistolar, o trágico etc. Vale dizer também que tanto a prescritiva retórica a partir do I século, como os autores que autonomizam o gênero ecfrástico, são mediados pelas letras helenísticas.

Nosso trabalho hoje visa a fazer uma avaliação retrospectiva do manancial desse gênero, a partir da leitura de uma passagem da Odisseia (7, 79-135) em que os principais elementos de uma ékphrasis tópica – pensando nas 5 possibilidades de Teão – são dadas ao ouvinte/leitor. O desenho arquitetônico de Homero, pois, para o palácio de Alcinoo oferece inúmeros lugares ecfrásticos, que ora será emulado pela construção serial épica antiga, ora será re-operado nos quadros verbais de Filóstrato, o Velho.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Meu aniversário na USP

Grande presente dos amigos, alunos e orientandos








terça-feira, 14 de junho de 2011

Depois de um longo tempo...





Caros seguidores, desculpem-me o tempo sem postar.


Novo Evento do IAC a partir do dia 27/06/2011




sábado, 14 de maio de 2011

2011 - (III Congresso Nacional de Estudios Clásicos del Mexico) - Mexico

The Ekphráseis of the simulacrum and the effigies
As écfrases do simulacrum e da effigies



Prof. Dr. Paulo Martins

For a long time, the rhetorical concept of ekphrasis was limited to the description of works of art. Nowadays, after the works Benediktson (2000), Elsner (2007), Webb (2009), and Rodolpho (2010), it is agreed that ekphrasis can be understood in a broader sense, since it does not operate descriptions only of physical artistic objects (plastic or pictoric: paintings, sculptures, reliefs) but can also be created from something immaterial. This presentation proposes a distinction between ekphrasis of something that has a model in the concrete world (ekphrasis of effigies) from ekphrasis derived from a phantasia (ekphrasis of simulacra). Here, phantasia is observed according to the precepts of Aristotle in the Book III of De Anima, that is to say, as an animic disposition.

When we verify this distinction we can propose that ekphrasis of effigies and of simulacra is a rhetorical procedure that can help us understand generic diversity in Classical Antiquity: discursive, on the one hand, and plastic-pictoric on the other, since it is foung on the frontiers between genres. As an example, we can observe that an ekphrasis which has effigies as a “starting point” is invariably associated with historiographical discourse or with the ancestral masks (res historica) and that which have simulacra is limited to poetic or mythic discourse – religious paintings or plastic objects (res ficta).

Por muito tempo, restringiu-se o conceito retórico de écfrase à descrição da obra de arte. Sabemos hoje, entretanto, após os trabalhos de Benediktson (2000), Elsner (2007), Webb (2009), e Rodolpho (2010), que a questão está posta em espectro mais largo, já que a écfrase não opera obrigatoriamente uma descrição de objeto artístico (plástico ou pictórico: pintura, escultura, relevos), mas também, pode ser construída a partir de algo imaterial . O que se propõe nesse trabalho é uma distinção entre a écfrase que tem como ponto de partida aquilo que existe no mundo concreto como modelo (écfrase das effigies) e aquela que nasce da phantasia (écfrase dos simulacra). Nesse trabalho, a phantasia é observada de acordo com os preceitos de Aristóteles no Livro III do De Anima, isto é, como disposição anímica de quem a constrói.

Ao verificarmos essa distinção, podemos então propor as écfrases das effigies e as dos simulacra na construção de retratos como procedimentos retóricos que nos auxiliam na compreensão da diversidade genérica, de um lado, discursiva e, de outro, plástico-pictórica na Antiguidade Clássica, uma vez que elas se colocam no limite dos gêneros. Como exemplo, sugerimos que a écfrase que nasce das effigies é invariavelmente associada ao discurso historiográfico ou às máscaras ancestrais (res histórica) e aquela que nos é oferecida a partir dos simulacra, está limitada ao discurso poético ou às pinturas ou objetos plásticos mítico-religiosos (res ficta).Palavras-chave: Écfrase, phantasia, effigies, simulacrum, res ficta, res histórica

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Aguarda Publicação Classica (SBEC-Brasil)

A brief history of Latin Literature’s criticism


Breve história da crítica da Literatura Latina




Paulo Martins – USP




This paper presents an overview of Ancient Latin Poetry’s criticism. It begins with the biographical readings of the nineteenth and first half of the twentieth centuries and proceeds to discuss the radical change in interpretation that followed, starting with Allen (1950) who, based on the poetic architecture that permeates such poems, viewed them as absolute fictional constructions. However, after the radicalism of the anti-biographical criticism, a third possibility is now being studied: if the poet gives his own name or uses the names of historically identifiable characters, this must be considered as an extra element to the poetic iocus – he, the poet, is intentionally blurring the boundaries between res ficta and historical truth. Thus, the last part of the paper will discuss the implications of this new outlook on the poetic and historiographic genres.




Este artigo apresenta um panorama da crítica literária aplicada à poesia latina da Antiguidade. Principia pelas leituras biográficas do século dezenove e primeira metade do vinte e passa a discutir a alteração radical que se seguiu, a partir de Allen (1950) que, com base na arquitetura poética que permeia esses poemas, os via como construções ficcionais absolutas. Entretanto, após o radicalismo dessa crítica anti-biografista, uma terceira possibilidade está sendo estudada atualmente: se o poeta dá seu próprio nome ou utiliza o nome de personagens historicamente identificáveis, isto deve ser considerado como um elemento extra ao iocus poético – ele, o poeta, está intencionalmente tornando as fronteiras entre a res ficta e a verdade histórica indistintas. Assim, a parte final do artigo discutirá as implicações dessa nova visão sobre os gêneros poéticos e historiográficos.

terça-feira, 22 de março de 2011

Aguarda Publicação

Cicero: The Picturing of a Rhetoric



Paulo Martins




Homologies between verbal and non-verbal discourses are frequent in Classical Antiquity. Plutarch in the Glory of the Athenians, 346 F, quotes Simonides of Ceos: “painting is silent poetry, and poetry painting that speaks. ...”. Aristotle in his Poetics establishes similarities between painting and poetry when mentioning Pauson’s, Polignoto’s, Dionysius’ and Zeuxis’ painting techniques (Poetics, 361). This text aims to discuss the homology, created by Cicero in De Inuentione (Book II), between his project of Rhetoric and Zeuxis’s painting. After establishing the genre of painting performed by Zeuxis, revising the material culture of the period and observing the textual references about his work, we will propose a new interpretation about this first project of Cicero’s for a Rhetoric.

terça-feira, 15 de março de 2011

Aguarda Publicação - Novas Tendências da Filologia Clássica

Catulo 65: um programa poético




Paulo Martins




Esse trabalho visa à leitura do poema 65 de Catulo, a primeira elegia de seu livro. Trata, pois, de uma observação de programa poético, já que ele rascunha os uerba e as res dessa espécie genérica elegíaca e lhe serve de baliza a temas que serão gravados como fundamento do gênero em sua especificidade romana – elegia erótica. O poema, assim, deve ser observado de perto, na luz e muitas vezes, atendendo assim aos requisitos específicos retórico-poéticos em que a filigrana é essencial e cujas prescrições acompanham formulações poético-retóricas helenísticas, assentadas em Roma. Por outro lado, a elegia 65 funciona também como instrumento didático dessa variação genérica romana, pois Catulo arquiteta o estado programático da poesia ao encetar a possibilidade de sua visualização de sua estrutura. O leitor/ouvinte instruído nessas letras, portanto, não só recupera os copia rerum dessa poética inovadora, como também visualiza as marcas poéticas seriadas decalcadas na “fôrma” do dístico: hexâmetro datílico somado ao hexâmetro datílico cataléptico.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aguarda Publicação em Retórica I

Imagens antigas retoricamente referenciadas[1]



Paulo Martins


Rosangela S. S. Amato




O trabalho em questão resulta de esforço inicial do nosso grupo de pesquisa[2] a fim de mapear e delimitar conceitos relativos à produção imagética em Grécia e Roma antigas em acordo com os usos desses conceitos por auctoritates gregas e romanas em cujos textos operam não só a descriptio da atividade plástica ou pictórica, como também aqueles que focalizam a atividade letrada, em gênero vário, associando-a às obras de arte em processo construtivo de homologias. A montagem desse quadro descritivo num recorte temporal tão vasto – a ideia de unidade greco-romana já soa imprópria – invariavelmente produz e reproduz inconveniências, distorções e impropriedades, que pregadas inclusive aos autores do trabalho em questão, vez por outra, os fazem tropeçar em alguns anacronismos de cunho conceitual que censuram.




________________________
[1] Este texto é a ampliação e revisão do texto: Martins, P. “Reflexões sobre duas dimensões das imagines ou eikónes”. In: P. Martins; H. F. Cairus; J. A. Oliva Neto, J.A. In: Algumas Visões da Antiguidade. 2010.
[2] IAC – Imagens da Antiguidade Clássica

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Propércio 1,1 - Nova tradução

I,I

Cynthia prima suis miserum me cepit ocellis,
contactum nullis ante cupidinibus.
tum mihi constantis deiecit lumina fastus
et caput impositis pressit Amor pedibus,
donec me docuit castas odisse puellas
improbus, et nullo uiuere consilio.
ei mihi, iam toto furor hic non deficit anno,
cum tamen aduersos cogor habere deos.
Milanion nullos fugiendo, Tulle, labores
saeuitiam durae contudit Iasidos.
nam modo Partheniis amens errabat in antris,
ibat et hisurtas ille uidere[1] feras;
ille etiam Hylaei percussus uulnere rami
saucius Arcadiis rupibus ingemuit.
ergo uelocem potuit domuisse puellam[2]:
tantum in amore preces et[3] benefacta ualent.
in me tardus Amor non ullas cogitat artes,
nec meminit notas, ut prius, ire uias.
at uos, deductae quibus est pellacia lunae
et labor in magicis sacra piare[4] focis,
en agedum dominae mentem convertite nostrae,
et facite illa meo palleat ore magis!
tunc ego crediderim uobis et sidera et amnis
posse Cytaeinis[5] ducere carminibus.
aut uos, qui sero lapsum reuocatis, amici,
quaerite non sani pectoris auxilia.
fortiter et ferrum saeuos patiemur et ignes,
sit modo libertas quae uelit ira loqui.
ferte per extremas gentes et ferte per undas,
qua non ulla meum femina norit iter.
uos remanete, quibus facili deus annuit aure,
sitis et in tuto semper amore pares.
nam me nostra Venus noctes exercet amaras,
et nullo uacuus tempore defit Amor.
hoc, moneo, uitate malum: sua quemque moretur
cura, neque assueto mutet amore locum[6].
quod si quis monitis tardas aduerterit auris,
heu referet quanto uerba dolore mea!

1,1


Cíntia[7], a primeira, a me capturar, infeliz, com os olhinhos;
Eu nunca antes tocado por desejos.
Então, o Amor arrebatou-me o olhar de desdém constante
E sob seus pés subjugou-me[8]
Até que cruel a mim ensinou odiar puras
Meninas e viver sem prudência.
E esse fogo em mim está já faz um ano,
Mas sou obrigado a ter os deuses contra.
Ó Tulo, Milanião, não fugindo aos trabalhos,
Venceu a maldade da dura Iáside,
Ora , tresloucado, errava em Partênias grutas
Ora provocava as feras selvagens
Então, varado por estocada da verga[9] de Hileu,
Ferido, gemeu nos rochedos da Arcádia;
Pôde, pois[10], domar a veloz menina:
Tal é o valor, no amor, de preces benfazejas.
O Amor tardio não me urde artes
Nem se lembra de seguir, como antes, seus hábitos.
E vós, que podeis enganar e fazer a lua cair,
E de quem é dever sagrar ritos em magos fogos,
Eia, mudai o coração de minha menina
E fazei-a empalidecer mais que meu rosto!
Assim acreditarei que podeis comandar
Estrelas e rios com feitiços da citana
E vós, amigos, que tarde notais a derrocada,
Procurai auxílios para meu coração enfermo
E, com força, vou suportar o ferro e o fogo cruéis
Desde que seja livre para falar irado.
Levai-me para longe[11], pelas ondas levai-me
Onde mulher alguma conheça minha via:
Vós, quem o deus atendeu com atenção[12], ficai,
Sede sempre, no amor seguro, um par.
Nossa Vênus trama contra mim amaras noites,
O Amor ocioso não me falta nunca.
Meu mal, advirto, evitai: a cada um que a sua amada
Aflija, e habituado ao amor, não o mude[13],
Se, porém, derem ouvidos moucos aos meus conselhos
Ah! Com quanta dor hão de lembrar meus versos!



Notas


[1] uidere tem aqui um significado específico de provocar, arrostar como em Virg., A., 4, 134 e 3,431. O infinitivo de resultado ou de conseqüência com verbos de movimento.
[2] uelox puella: epíteto de Atalanta. Cf. Cat., 2.,12-14.
[3] preces et benefacta: Allen, A., Glotta, 60, 1982 e Yardley, J.C., Maia, 31, 1979. Trataram do “et” como sendo epexegético, ou seja, preces et benefacta é uma hendíadis: preces benfazejas.
[4] sacra piare: Sandbach, F.H., CR,52, 1938 propõe sacra piare tem o mesmo sentido de sacrum expiare em Cic., De Leg., 2,21., isto é, “consagrar altares”.
[5] cytaeinis ou cytaeines: F e B. C; Go e Gi: cytinaeis. P: cytaines. Relativo a Citáia, cidade da Cólquida, no caso: cidade de Medeia. Cf. 2,4,7; 1,5,6 et 1,12,10. Cf. Magueijo, C., Euphrosyne, 4. 1970. Comenta acerca da tradição dos manuscritos no que diz respeito ao termo. Licofron, Alexandra, 1389.
[6] locum: P; C e F. torum: G e Gi.
[7] Todas as palavras em itálico estão nos índices de referência mitológica, onomástica ou toponímica.
[8] Não traduzi caput, literalmente. Proponho a tradução da sinédoque de parte pelo todo, portanto o termo “me” corresponde ao termo “cabeça” do original.
[9] O sentido do verso é seguramente erótico, entretanto, por respeito ao gênero e, portanto, à sua elocução, mantenho a polissemia. Percussus tem sentido de perpassar, isto é, varar. Pode-se-ia ler, também uulnus, -eris não como agente da passiva por golpe, mas como um adjunto adverbial de lugar [in] uulnere, daí o sentido de orifício, buraco e, ainda, ramus, não simples clava ou ramo, mas, como atesta LS: membro viril para a mesma passagem e OLD: pênis.
[10] Segundo M, o conectivo conclusivo liga-se ao plano ou ideia de Milanião e não com suas ações contretas, já que, se fosse assim pensado, estaria estabelecida a contradição.
[11] Suponho no termo longe, extremas gentes: povos longínquos.
[12] facili auri = ouvidos propícios. Os deuses, quando atendem aos reclamos mortais, têm ouvidos propícios, portanto parece-me boa solução ouvir com atenção.
[13] Literalmente: “acostumado com o amor, não mude de lugar”. Entendo que o referente de locum aqui é amor, de sorte que a alteração do lugar em que se ama é a alteração do objeto amado. Se imaginarmos que a outra solução de edição para locum é torum, minha suposição também vale, já que o torum é onde se materializa o amor.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Cursos no Projeto Cultura - Fund. Ema Klabin

Ilíada, Odisseia e Eneida

Profº Paulo Martins
Data 8 de fevereiro
Dias terças-feiras, das
18h00 às 20h00
Duração 04 encontros


Introdução à Filosofia Grega

Profº Roberto Bolzani Filho
Data 07 de abril
Dias quintas-feiras, das
20h00 às 22h00
Duração 05 encontros


Édipo Rei e Medeia: duas tragédias gregas

Profº Paulo Martins
Data 12 de abril
Dias terças-feiras, das
20h00 às 22h00
Duração 04 encontros