terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Engodo Editorial ou Estelionato Acadêmico ou simplesmente uma vergonha

por Paulo Martins


Paul Veyne é o historiador que melhor trata da Antiguidade. Seus textos são deliciosos, sofisticados, sutis, irônicos, saborosos, precisos, enfim, riquíssimos tanto na forma, como no conteúdo. O historiador francês de 79 anos é um dos principais especialistas em Antigüidade e professor emérito do prestigiado Collège de France, onde lecionou de 1975 a 1998, na cadeira de História de Roma.


Entre os textos de sua vasta obra, temos: Comment on écrit l'histoire : essai d'épistémologie, Le Seuil, 1970; Le pain et le cirque, Le Seuil, 1976; L'inventaire des différences, Le Seuil, 1976; Les Grecs ont-ils cru à leurs mythes ?, Le Seuil, 1983; L'élégie érotique romaine, Le Seuil, 1983; Histoire de la vie privée, vol. I, Le Seuil, 1987; La société romaine, Le Seuil, 1991; Sexe et pouvoir à Rome, Tallandier, 2005 e L'empire gréco-romain, Le Seuil, 2005.


Nós, tupiniquins, entretanto, em língua vernácula, temos acesso direto, salvo engano, a apenas alguns desses escritos. Lembro-me de: O inventário das diferenças; Como se escreve a história; Acreditavam os gregos em seus mitos?; A elegia erótica romana; História da vida privada volume I e O Império greco-romano. É desse último que pretendo tratar.





Esperado por aqueles que se interessam por História Romana com ansiedade, o livro em si, como não poderia deixar de ser, é magnífico. Trata de um mito acadêmico, a separação das cadeiras de Grego e Latim dentro da Universidade Francesa que, natural e obviamente, ab ouo, repercute no Brasil: a distinção e oposição entre Grécia e Roma. Daí, a ficção é desmitificada por Veyne. Vale-se da questão linguistica, das representações e da cultura material que se estendia do Afeganistão à Escócia. Desnuda a dicotomia e, por fim, comprova que Grécia e Roma são verso e obverso da mesma moeda. Assim, o livro vale ser lido.

A questão que se coloca, entretanto, é outra. Não depende da capacidade de Veyne, antes, daqueles que detêm o direito de publicação sobre essa obra no Brasil: a editora Campus, ou melhor, a editora engodo, a editora farsa, ou melhor, bufa, bazófia.

Quando vamos às livrarias, temos a nítida sensação de que estamos sendo ROUBADOS. O livro custa nada menos que R$ 179,00. Mas isso não é nada, afinal estamos diante de um Clássico. Pagamos! O livro é uma brochura com 448 páginas, sendo 20 páginas de "miolo" em papel cuchê leve - leia-se barato-, com imagens monocromáticas (preto e branco). Algo que no máximo valeria R$ 70,00. Mas tudo bem... é Veyne! Após lermos o prólogo elucidativo e um sumário esclarecedor, estamos diante do primeiro capítulo em cujo título há uma nota de pé de página: "As notas de referência desta obra estão disponíveis no site da editora: http://www.campus.com.br/ ". Que loucura! Não estou lendo isso! É engano! Que nada, é verdade!

Vamos, então, ao site da famosa editora francesa Editions du Seuil(http://www.editionsdusueil.fr/) e vemos que a edição francesa tem 878 páginas contra as 448 da nacional/tupiniquim. Mas e o preço!? Que nada, o preço da francesa é 25 euros, contra 61 euros da nacional (supondo o euro a R$ 2,9) com 430 páginas a menos. Contudo o roubo não para aí, as notas que a editora se propõe a dispor, não estão no site. Pobre Veyne! Pobre Brasil! O que fazer?

1) NÃO COMPRAR O LIVRO

2) IR AO PROCON DE SUA CIDADE.