segunda-feira, 9 de março de 2009

Tradução - Propércio

2, 19

Embora, Cíntia, te afaste de Roma, tendo-me contrário, -1
Alegro-me porque sem mim morarás em terras solitárias.
Nos campos não haverá jovem sedutor algum que
Com palavras ternas, não permita que sejas proba.
Tampouco rixas surgirão ante tuas janelas, -5
Nem tu chamada terás amaro sono.
Cíntia, a sós vais estar e observarás solitários montes,
Rebanho e limites de terras do pobre agricultor.
Lá nenhum espetáculo poderá te seduzir,
Nem os inúmeros templos serão pretexto aos teus deslizes. -10
Lá observarás os touros que aram assiduamente
E as vides deporem as comas com a experta foice.
E aí levarás raros incensos ao pequeno santuário,
Onde o cabrito cairá ante os agrestes altares.
Em seguida, com pernas desnudas, imitarás coros, -15
Desde que tudo esteja seguro de forasteiros.
Eu mesmo irei caçar: agora já me agrada oferecer
Sacrifícios a Diana e conceder votos a Vênus.
Começarei a capturar feras e pendurar no pinheiro os cornos
E eu mesmo incitar os audazes cães; -20
Não, entretanto, de modo que ouse atacar
Grandes leões ou ir, rápido, afrontar de perto javalis agrestes.
Tenha eu, pois, esta audácia: apanhar suaves lebres
E transpassar a ave com a vara disposta,
Onde Clitumno cobre formosos córregos -25
Com seu e a sua onda banha níveos bois.
Toda vez que tu tentares algo, vida, lembra-te:
Em poucos dias eu haverei de chegar a ti.
Aqui nem selvas solitárias, nem correntes errantes
Difusas pelos cumes plenos de musgos poderão me impedir -30
Que eu mude em língua de hábito teus nomes:
Que ninguém deseje prejudicar quem está ausente. -32