Catulo 65: um programa poético
Paulo Martins
Esse trabalho visa à leitura do poema 65 de Catulo, a primeira elegia de seu livro. Trata, pois, de uma observação de programa poético, já que ele rascunha os uerba e as res dessa espécie genérica elegíaca e lhe serve de baliza a temas que serão gravados como fundamento do gênero em sua especificidade romana – elegia erótica. O poema, assim, deve ser observado de perto, na luz e muitas vezes, atendendo assim aos requisitos específicos retórico-poéticos em que a filigrana é essencial e cujas prescrições acompanham formulações poético-retóricas helenísticas, assentadas em Roma. Por outro lado, a elegia 65 funciona também como instrumento didático dessa variação genérica romana, pois Catulo arquiteta o estado programático da poesia ao encetar a possibilidade de sua visualização de sua estrutura. O leitor/ouvinte instruído nessas letras, portanto, não só recupera os copia rerum dessa poética inovadora, como também visualiza as marcas poéticas seriadas decalcadas na “fôrma” do dístico: hexâmetro datílico somado ao hexâmetro datílico cataléptico.