Espaço dedicado às letras e às artes, especialmente e não exclusivamente do mundo greco-romano antigo. Paulo Martins - IAC/PPGLC/USP
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Uma crônica
Comecei o dia num ônibus para USP. Lá, dei com os burros n'água, porque a pessoa que iria encontrar não foi ter comigo. Eu fui ter com ela. Ela se esqueceu. Esquecerem de mim não sei que número ... Então, no ônibus, em pé metade do caminho, outra metade sentado, pensava em poemas, na poesia, pensava que veria Alice Ruiz; tudo isso para não ruir, para vencer o ruim do desconfortável do ônibus, o difícil do dia. Não faço drama, não exagero, foi assim que foi. Foi. Fui ...
Na USP, sem a pessoa que encontraria, nem grupo de estudos, com a mochila cheia de ecfrases, descrições de batalhas, de cidades, tomei um café com leite, escuro, sem espuma, amargo. O que salvou foi a conversa fortuita com uma descendente de libaneses muito sorridente, cheia deles, dos dentes, de seus parentes.
Esperei por uma hora, nada. Burros n'água. Parti a caminho da PUC/SP, para ver Alice Ruiz. Tuca Arena. Não é aqui, mudou para ... Fui para o Prédio Novo, 3º andar. O elevador passou reto, não me deixou entrar. Fui a pé, pela rampa. Três andares. Lá: não é aqui, é no 2º andar. Fui lá ... Vi, ouvi, senti Alice Ruiz. Tinha que ser assim, tão difícil? Para chegar à poesia, havia a necessidade desse trajeto? Foi minha dor de dentes, minha nevralgia o dia, até ver e ouvir a poesia de Alice Ruiz. Foi. Fui eu na travessia ... até que a poesia de Alice Ruiz abriu o dia, abriu meu dia de poesia.
Eduardo Sinkevisque
28/04/10
domingo, 4 de abril de 2010
Mais um lançamento de março
MARTINS, PAULO. Literatura Latina. Curitiba: IESDE. 2009. ISBN: 978-85-387-0901-5
DVD 1/ISBN: 789-09-980-4989-0
DVD 2/ISBN: 789-09-980-4990-6
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Buenos Aires - 2010
Paulo Martins
Minha comunicação tratava da questão do ius imaginum, o direito de imagens que era concedido aos patrícios como forma de reverenciar seus antepassados. Essas imagens eram de "consumo" privado, não só porque eram feitas a partir do molde de cera modelado logo que o homem insigne morria, mas também por ser colocada no columbarium em pequenos nixos juntos aos Lares e Manes de uma gens. Ocorre, entretanto, que no dia das pompa gentilicia, essa imagem era retirada da casa e era levada ao forum para que lá, junto aos rostros, fosse feito um discurso em honra ao morto. Tal migração da imagem pode ser considerada uma transgressão de sua função elocutiva, já que o forum é um local público. Discuti fundamentalmente esse rito tendo como base Políbio VI,53.
Marcos Martinho dos Santos
Por outro lado, Buenos Aires nos brindou com alguns lugares excepcionais sob o ponto de vista gastronômico, cultural e livresco, aqui vão algumas dicas.
Arcadia/Libros
Marcelo T. Avelar, 1548 - aecadialibros@fibertel.com.ar
Pequena Livraria com grande acervo em ciências humanas, incluindo os grecos e os latinos.
El Ateneo - SantaFé
Vale dizer que tivemos sorte, pois durante o período havia uma exposição da Arte da vanguarda cubana do início do século XX.
MNBA - Museo Nacional de Belas Artes de Buenos Aires
MNBA
O Museu nos traz surpresas. A primeira delas é ter uma coleção vastíssima da arte produzida desde o século XII até o século XX, com obras efetivamente significativas. Para se ter uma pequena ideia o próprio Rodin ofereceu ao Museu a obra original de "O beijo".
O Beijo de Rodin - Original, doação do autor
Praça do Congresso Nacional
http://www.grupoplazamayor.com/
La Biela
Fica em frente à praça central da Recoleta, com mesinhas na calçada. Boas bebidas, drinks e doces. Muito Bom! Do outro lado da plaza: requiescant in pace!
Caminito
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Propércio 2, 29a
HESTERNA, mea lux, cum potus nocte vagarer,
nec me servorum duceret ulla manus,
obvia nescio quot pueri mihi turba minuta
venerat (hos vetuit me numerare timor);
quorum alii faculas, alii retinere sagittas,
pars etiam visa est vincla parare mihi.
sed nudi fuerant. quorum lascivior unus,
'Arripite hunc,' inquit, 'iam bene nostis eum
hic erat, hunc mulier nobis irata locavit.'
dixit, et in collo iam mihi nodus erat.
. . .
hic alter iubet in medium propellere, at alter,
'Intereat, qui nos non putat esse deos!
haec te non meritum totas exspectat in horas:
at tu nescio quas quaeris, inepte, fores.
quae cum Sidoniae nocturna ligamina mitrae
solverit atque oculos moverit illa gravis,
afflabunt tibi non Arabum de gramine odores,
sed quos ipse suis fecit Amor manibus.
parcite iam, fratres, iam certos spondet amores;
et iam ad mandatam venimus ecce domum.'
atque ita me iniecto dixerunt rursus amictu:
'I nunc et noctes disce manere domi.'
À noite passada, luz minha, quando ébrio vagava
E coorte alguma de servos acompanhava
Turma diminuta – não sei de quantos meninos
Veio ao meu encontro – o temor impede de numerá-los –
Uns deles, pequenas tochas; outros levavam dardos
Uma parte pareceu preparar-me armadilha.
E estavam nus. Um deles era mais lascivo
E disse: “Agarrai-o, já bem o conheceis.”
“Era ele, é ele que a irada mulher nos entregou”
Disse e no meu pescoço um nó já havia.
****
Mas outro:“Morra quem não nos crê deuses!”
Ela te espera, imerecedor, por horas:
E tu, inepto, não sei quais outras procuras.
Quando ela tiver soltado os laços noturnos da mitra sidônia
E tiver entreaberto olhos pensos de sono
Odores te chegaram não de ervas arábicas,
Mas os que os o próprio Amor fez com suas mãos.
“Poupai já, irmãos, já promete tudo de amor.”
“Eis já chegamos à casa mandada.”
E restituído meu manto, disseram:
“Vai agora e aprende a ficar em casa às noites!”