sexta-feira, 30 de abril de 2010

Uma crônica

A HISTÓRIA DO DIA EM QUE FUI VER ALICE RUIZ

Comecei o dia num ônibus para USP. Lá, dei com os burros n'água, porque a pessoa que iria encontrar não foi ter comigo. Eu fui ter com ela. Ela se esqueceu. Esquecerem de mim não sei que número ... Então, no ônibus, em pé metade do caminho, outra metade sentado, pensava em poemas, na poesia, pensava que veria Alice Ruiz; tudo isso para não ruir, para vencer o ruim do desconfortável do ônibus, o difícil do dia. Não faço drama, não exagero, foi assim que foi. Foi. Fui ...

Na USP, sem a pessoa que encontraria, nem grupo de estudos, com a mochila cheia de ecfrases, descrições de batalhas, de cidades, tomei um café com leite, escuro, sem espuma, amargo. O que salvou foi a conversa fortuita com uma descendente de libaneses muito sorridente, cheia deles, dos dentes, de seus parentes.

Esperei por uma hora, nada. Burros n'água. Parti a caminho da PUC/SP, para ver Alice Ruiz. Tuca Arena. Não é aqui, mudou para ... Fui para o Prédio Novo, 3º andar. O elevador passou reto, não me deixou entrar. Fui a pé, pela rampa. Três andares. Lá: não é aqui, é no 2º andar. Fui lá ... Vi, ouvi, senti Alice Ruiz. Tinha que ser assim, tão difícil? Para chegar à poesia, havia a necessidade desse trajeto? Foi minha dor de dentes, minha nevralgia o dia, até ver e ouvir a poesia de Alice Ruiz. Foi. Fui eu na travessia ... até que a poesia de Alice Ruiz abriu o dia, abriu meu dia de poesia.

Eduardo Sinkevisque
28/04/10

domingo, 4 de abril de 2010

Mais um lançamento de março


MARTINS, PAULO. Literatura Latina. Curitiba: IESDE. 2009. ISBN: 978-85-387-0901-5
DVD 1/ISBN: 789-09-980-4989-0
DVD 2/ISBN: 789-09-980-4990-6




Trata o texto de questões gerais e genéricas das Letras Latinas. Um manual de Literatura Latina cuja preocupação cronológica é deixada, parcialmente, de lado, para observar essencialmente gêneros letrados transhistoricamente, sem abrir mão, entretanto, do contexto e, naturalmente, da recepção coetânea aos textos, elementos importantes para o autor na compreensão dessas práticas letradas antigas, devido à distância que existe entre elas e nós, leitores modernos.




O compêndio obverva 11 gêneros literários, sigificativos em Roma, entre o século III a.C. e o século IV d.C., matiza diferenças e assinala semelhanças entre autores, apresentando mais do que informações acerca de autores, os seus próprios textos, comentados e anotados.


Iniciando pelo capítulo que apresenta o contexto dessas práticas letradas, o livro contém informações acerca da: Lírica (Horácio e Catulo), Elegia (Propércio, Ovídio e Tibulo)), Bucólica (Virgílio), Épica (Virgílio), Comédia (Plauto e Terêncio), Tragédia (Sêneca), Historiografia (Salústio, Tito Lívio e Tácito), Retórica (Cícero, A Herênio e Quintiliano), Oratória (Cícero), Poesia didática (Horácio e Ovídio) e Sátira (Horácio, Sêneca, Juvenal e Petrônio.




Acompanha ao livro, 2 DVDs, contendo 12 aulas de Literatura Latina, proferidas pelo Prof. Dr. Paulo Martins, da Universidade de São Paulo.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Buenos Aires - 2010


Faculdad de Derecho
Local do evento
Faculdad de Derecho - Universitad de Buenos Aires

Durante 17 e 19 de março de 2010, houve na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, Argentina: o Ier Coloquio Nacional de Retórica "Retórica y Política" e as Iras Jornadas Latinoamericanas de Investigación en Estudios Retóricos.
Aqui da USP, participaram, apresentando trabalhos importantes às suas pesquisas, Adriano Scatolin, Marcos Martinho dos Santos, Marly de Bari Matos, Pablo Schwartz Frydman, Paulo Martins e Rosângela Santoro de Souza Amato. Entretanto, o Brasil esteve representado por pesquisadores da UNICAMP, UERJ e UFC .

Paulo Martins

Minha comunicação tratava da questão do ius imaginum, o direito de imagens que era concedido aos patrícios como forma de reverenciar seus antepassados. Essas imagens eram de "consumo" privado, não só porque eram feitas a partir do molde de cera modelado logo que o homem insigne morria, mas também por ser colocada no columbarium em pequenos nixos juntos aos Lares e Manes de uma gens. Ocorre, entretanto, que no dia das pompa gentilicia, essa imagem era retirada da casa e era levada ao forum para que lá, junto aos rostros, fosse feito um discurso em honra ao morto. Tal migração da imagem pode ser considerada uma transgressão de sua função elocutiva, já que o forum é um local público. Discuti fundamentalmente esse rito tendo como base Políbio VI,53.

Rosângela Santoro de Souza Amato

Rosângela tratou de forma bem clara o início de sua pesquisa de Mestrado que versa acerca da obra Eikones de Filóstrato, o Velho. Autor pouco estudado que teria cunhado o termo "Segunda Sofística". Em sua comunicação, Rosângela tratou de uma das descriptiones ou ékphraseis realizada pelo autor: Os Erotes.

Marcos Martinho dos Santos

Marcos Martinho, coinvidado pelo grupo promotor da Associação Argentina de Retórica, proferiu conferência sobre os Progymnásmata de Priciano, verificando as relação entre essa obra e a de outros gramáticos.
Sociedad Latinoamericana de Retórica

Estava previsto pelos oraganizadores não só a fundação da Associação Argentina de Retórica (que efetivamente ocorreu), mas também a da Sociedad Latinamericana de Retórica cuja fundação foi postergada devido a dificuldades técnicas, entretanto um grande passo foi dado, tendo sido acertado que a Sociedade não terá sócios individuais, mas outras sociedades e/ou grupos de pesquisa devidamente organizados e atuantes com trabalhos de relevo na grande "Área Retórica".
Buenas Vistas e Aires

Por outro lado, Buenos Aires nos brindou com alguns lugares excepcionais sob o ponto de vista gastronômico, cultural e livresco, aqui vão algumas dicas.
Cultura

Arcadia/Libros

Marcelo T. Avelar, 1548 - aecadialibros@fibertel.com.ar
Pequena Livraria com grande acervo em ciências humanas, incluindo os grecos e os latinos.

El Ateneo/Santa Fé


El Ateneo - SantaFé

Talvez a mais linda ("mas linda"!) livraria que já vi. O acervo é ótimo, mas o espaço é espetacular...

MALBA - Museo de Arte Latinoamericana de Buenos Aires


Malba

O Museu, além de sua localização especial e cojunto arquitetônico invejável, possui uma belíssima coleção na qual encontramos o Abapuru de Tarsila do Amaral.

Vale dizer que tivemos sorte, pois durante o período havia uma exposição da Arte da vanguarda cubana do início do século XX.


MNBA - Museo Nacional de Belas Artes de Buenos Aires


MNBA

O Museu nos traz surpresas. A primeira delas é ter uma coleção vastíssima da arte produzida desde o século XII até o século XX, com obras efetivamente significativas. Para se ter uma pequena ideia o próprio Rodin ofereceu ao Museu a obra original de "O beijo".

O Beijo de Rodin - Original, doação do autor


"O Pensador" de Rodin (Terceiro original)

Praça do Congresso Nacional

Porto Madero




La Parolaccia - Pasta excelente!

Em Porto Madero: Alicia Moreau de Justo 1052
Tel: 4343-1679
http://www.laparolaccia.com/

Cabaña Las Lilas - (Carnes muito boas)
Em Porto Madero: Alicia Moreau de Justo 516
Tel: 4315-1010



Nós, brazucas em BA, no Las Lilas

Plaza Mayor (Comida Espanhola fantástica)
Venezuuela 1399, Congreso


Plaza Mayor


Cardápio em forma de leque: sui generis!


La Biela
Av. Quintana 596, Recoleta


La Biela

Fica em frente à praça central da Recoleta, com mesinhas na calçada. Boas bebidas, drinks e doces. Muito Bom! Do outro lado da plaza: requiescant in pace!

Café Tortoni
Av. de Mayo 829, Centro


O café mais famoso e tradicional de Buenos Aires
La Boca

Caminito

El Paraiso - A melhor parrilla al carbón, al aire libre
Garibaldi 142B entre Magallanes y La madrid

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Propércio 2, 29a

Mais uma tradução do velho Propécio:

Propércio, II, 29

HESTERNA, mea lux, cum potus nocte vagarer,
nec me servorum duceret ulla manus,
obvia nescio quot pueri mihi turba minuta
venerat (hos vetuit me numerare timor);
quorum alii faculas, alii retinere sagittas,
pars etiam visa est vincla parare mihi.
sed nudi fuerant. quorum lascivior unus,
'Arripite hunc,' inquit, 'iam bene nostis eum
hic erat, hunc mulier nobis irata locavit.'
dixit, et in collo iam mihi nodus erat.
. . .
hic alter iubet in medium propellere, at alter,
'Intereat, qui nos non putat esse deos!
haec te non meritum totas exspectat in horas:
at tu nescio quas quaeris, inepte, fores.
quae cum Sidoniae nocturna ligamina mitrae
solverit atque oculos moverit illa gravis,
afflabunt tibi non Arabum de gramine odores,
sed quos ipse suis fecit Amor manibus.
parcite iam, fratres, iam certos spondet amores;
et iam ad mandatam venimus ecce domum.'
atque ita me iniecto dixerunt rursus amictu:
'I nunc et noctes disce manere domi.'

À noite passada, luz minha, quando ébrio vagava
E coorte alguma de servos acompanhava
Turma diminuta – não sei de quantos meninos
Veio ao meu encontro – o temor impede de numerá-los –
Uns deles, pequenas tochas; outros levavam dardos
Uma parte pareceu preparar-me armadilha.
E estavam nus. Um deles era mais lascivo
E disse: “Agarrai-o, já bem o conheceis.”
“Era ele, é ele que a irada mulher nos entregou”
Disse e no meu pescoço um nó já havia.

****
Outro manda que me empurrem para o meio,
Mas outro:“Morra quem não nos crê deuses!”
Ela te espera, imerecedor, por horas:
E tu, inepto, não sei quais outras procuras.
Quando ela tiver soltado os laços noturnos da mitra sidônia
E tiver entreaberto olhos pensos de sono
Odores te chegaram não de ervas arábicas,
Mas os que os o próprio Amor fez com suas mãos.
“Poupai já, irmãos, já promete tudo de amor.”
“Eis já chegamos à casa mandada.”
E restituído meu manto, disseram:
“Vai agora e aprende a ficar em casa às noites!”