Primeira Mesa
MESA TEMÁTICA: EKPHRASIS TEORIA E PRÁXIS
ÁREA DE ESTUDIO PROPUESTA
Retórica de la imagen
Coordenada por Prof. Dr. Paulo Martins –
Universidade de São Paulo
A
mesa tem por objetivo encetar uma discussão sobre a teoria da ekphrasis e sua prática tendo em vista
dois planos: um primeiro que resgata a sua doutrina (Cícero e nos progymnasmata) e um segundo que propõe
duas aplicações. Neste último caso, a princípio, propomos primeiramente a
apresentação da construção da ekphrasis, primeiro sendo observada a doutrina physiognômica do tratado latino De Physiogmonia Liber, de autoria
desconhecida e no segundo caso, tendo em vista a autonomia do gênero ecfrástico
em Filóstrato, o velho.
1. Ekphrasis e Egressio
MARTINS,
Paulo
Doutor
USP
- Universidade de São Paulo
IAC
– Imagens da Antiguidade Clássica
E-mails:
paulomar@usp.br
pamar62@yahoo.com.br
A
écfrase como procedimento retórico ou poético nominado é algo que ultrapassa o
século I a.C. já que suas primeiras normatizações e/ou aplicações advêm-nos dos
progymnasmata de Teón e Aftônio,
afora naturalmente dos exercício que serão operados pelos rétores subsequentes.
Fato é, entretanto, que o mecanismo tardiamente descrito pelos rétores já fora
usado do ponto de vista prático, desde Homero, passando por Eurípides,
circulando em textos helenísticos como os de Mosco de Siracusa, ou mesmo, em
epigramas, ditos ecfrásticos, da Antologia
Palatina e sendo reutilizados em Roma por Catulo, Cícero, Salústio, Virgílio,
Propércio e outros.
Parece-me,
entretanto, que afora o conceito de vividez (enárgeia), que é imperativo para a écfrase, o processo/mecanismo
que écfrase encaminha sob o ponto de vista textual já era trabalhado e
devidamente conceituado retoricamente pela digressio. Este procedimento
retórico apresenta também uma pequena diferença, que advém da disposição deste
em relação ao outro. Enquanto a digressio
deve ser inserida no final do texto, produzindo uma recapitulação
argumentativa; a écfrase , por sua vez, pode ser operada em qualquer momento,
daí ser utilizada muitas vezes como uma antecipação vívida que traz aos olhos
do juiz a causa que será defendida.
2. Ekphrasis, Etopeia e
Physiognomonia
RODOLPHO,
Melina
Mestre
USP
- Universidade de São Paulo
IAC
– Imagens da Antiguidade Clássica
A écfrase é um procedimento descritivo retórico-poético
bastante utilizado na Antiguidade, porém, sua teorização só ocorre com os Progymnásmata
e a partir da segunda sofística; ela
permite o emprego de diversos mecanismos para tornar o discurso mais vívido,
evidente. Ela foi associada à descrição
de obras de arte, já que em Filóstrato vemos as Ekphraseis descrevendo
quadros, apesar de inexistentes. Assim, a écfrase permite a visualização da
matéria tratada no discurso verbal, no entanto,
pode ser encontrada em diversos gêneros da poesia e da prosa.
Considerando a écfrase como descrição detalhada, a etopeia, cuja finalidade é a
representação do ethos, utiliza os recursos descritivos para construção
de uma effigies ou simulacrum. Nosso objetivo é mostrar
como o tratado De Physiognomonia Liber (século IV d.C.), de autoria
desconhecida, nos apresenta um catálogo de ethe que utilizam a etopeia.
Essa
discussão faz parte do estudo do tratado De Physiognomonia Liber, a
partir de tradução própria para o português, compondo uma das pesquisas em
andamento do grupo Imagens da Antiguidade Clássica que, por sua vez, analisa
questões concernentes à relação entre imagem e textos antigos greco-latinos. A
Autora é bolsista da CAPES.
3. Ekphrasis e enargeia em “Panteia”, Imagens de Filóstrato, o velho
Amato, Rosangela S. de Souza
Bacharel
USP – Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mail: rosangelaamato@gmail.com
Filóstrato, o velho, em Imagens,
faz a descrição de uma pintura – imaginária –
que
retrata Panteia morta sobre o corpo do marido.
Ele inicia a descrição dizendo que o pintor executou sua obra a partir
do ethos da heroína retratado em Xenofonte, que não informava nenhum detalhe
físico. A imagem focaliza o momento da
morte e logra obter grande vividez, mesmo descrevendo o corpo já sem vida de Panteia.
Essa
discussão procurará examinar os recursos retóricos utilizados pelo autor na
obtenção de tal vividez.
O estudo faz parte da monografia Écfrase
e phantasia: Filóstrato, o velho. Pintura e(m) palavras que propõe tradução
e estudo dessa obra e será apresentada para obtenção do título de mestre em
Letras Clássicas e compõe uma das
pesquisas em andamento do grupo Imagens da Antiguidade Clássica que, por sua
vez, analisa questões concernentes à relação entre imagem e textos antigos
greco-latinos. A autora conta com bolsa da FAPESP.
Segunda Mesa
MESA TEMÁTICA: EKPHRASIS E HISTÓRIA
ÁREA DE ESTUDIO PROPUESTA
Retórica de la imagen
Coordenada pelo Prof. Dr. Paulo Martins – IAC/Universidade de São Paulo
Esta mesa temática tem a finalidade de observar a construção ecfrástica de três objetos distintos, entretanto, afins sob a perspectiva de gênero: o historiográfico.
A primeira comunicação visa à observação da construção da etopeia de Catilina em Salústio; a segunda, à construção do êthos de Aníbal em Tito Lívio; e o a última, à construção ética dos germanos sob o ponto de vista de Tácito em Germania.
Vê-se nos três casos que temos um ponto de vista observador não favorável a tese defendida já que há que se supor que Catilina, Aníbal e os Germanos não pertencem ao leque de alianças da República e do Império Romano.
1. Effigies Catilinae
MARTINS, Paulo
Doutor
USP - Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mails: paulomar@usp.br
pamar62@yahoo.com.br
Meu propósito é analisar a effigies de Catilina em Salústio, tendo em vista as doutrinas sobre a digressão e sobre a écfrase em Cícero (Brutus, 82; De Oratore, 312; Partitiones Oratoriae, 36.128) e nos Progymnasmata (Teão, Ps. Hermógenes, Aftônio), respectivamente. A seleção destes textos retóricos é estabelecida sobre um critério temporal a fim de evitar um anacronismo analítico.
Este texto trabalha os conceitos de digressão e écfrase, aplicados a obra historiográfica, no caso específico, à monografia histórica de Salústio, durante a República. Minha argumentação parte comparando os dois procedimentos que por vezes são muito próximos e, por fim, observando como são afeitos à argumentação.
2. Effigies Haniballis
DIBBERN, Cynthia Helena
Bacharel
USP - Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mails: cynthiadibbern@yahoo.com.br
cynthia.dibbern@usp.br
Esta comunicação compreende uma análise da construção do êthos do general cartaginês Aníbal na Terceira Década da obra de Tito Lívio. Dentre os diversos procedimentos retóricos utilizados pelo historiador para a criação de uma imago do inimigo romano, a écfrase de ações da personagem cumpre importante papel, ao evidenciar, principalmente, as virtudes militares do comandante, e simular para o leitor a experiência da visão dos acontecimentos.
Mas o caráter do general é construído também por meio de etopeias, apresentadas ou pela voz do historiador ou pela de outras personagens, e ainda por meio do discursar do próprio comandante. O retrato resultante destas vozes, muitas vezes divergentes, é o de um general de grandes virtudes e grandes vícios, como a crueldade e perfídia. Com esta ambiguidade, Tito Lívio, além de questionar suas fontes, revela-nos dois aspectos importantes de sua obra: a associação entre conduta moral e destino da pátria, e assim os vícios de Aníbal justificariam a derrota cartaginesa; e o louvor a Roma, uma vez que engrandecer o inimigo é uma forma de elogiar àquele que foi capaz de vencê-lo. A pesquisadora é bolsista da FAPESP.
3. A imago germanorum na Germania de Tácito
FIEBIG, Henrique Verri
Bacharel
USP – Universidade de São Paulo
IAC – Imagens da Antiguidade Clássica
E-mail: hverri@gmail.com
A Germania de Tácito é comumente classificada, quanto ao gênero literário, como uma monografia etnográfica, a qual pode ser tomada por um subgênero historiográfico, ou melhor ainda, por uma das formas que o gênero historiográfico assume no período que costumamos denominar “Antiguidade Clássica”. Sabe-se que, em tratados de retórica, o escrever da história é filiado ao gênero demonstrativo; ademais, que este gênero retórico utiliza-se da descrição de aspectos físicos e morais para a constituição de um êthos digno de louvor eu vitupério. Isto posto, pretendo apontar alguns dos artifícios retóricos utilizados por Tácito, os quais servem para construção de uma imago dos bárbaros germânicos. O Pesquisador é Bolsista da FAPESP