Paul Veyne é o historiador que melhor trata da Antiguidade. Seus textos são deliciosos, sofisticados, sutis, irônicos, saborosos, precisos, enfim, riquíssimos tanto na forma, como no conteúdo. O historiador francês de 79 anos é um dos principais especialistas em Antigüidade e professor emérito do prestigiado Collège de France, onde lecionou de 1975 a 1998, na cadeira de História de Roma.
Esperado por aqueles que se interessam por História Romana com ansiedade, o livro em si, como não poderia deixar de ser, é magnífico. Trata de um mito acadêmico, a separação das cadeiras de Grego e Latim dentro da Universidade Francesa que, natural e obviamente, ab ouo, repercute no Brasil: a distinção e oposição entre Grécia e Roma. Daí, a ficção é desmitificada por Veyne. Vale-se da questão linguistica, das representações e da cultura material que se estendia do Afeganistão à Escócia. Desnuda a dicotomia e, por fim, comprova que Grécia e Roma são verso e obverso da mesma moeda. Assim, o livro vale ser lido.
A questão que se coloca, entretanto, é outra. Não depende da capacidade de Veyne, antes, daqueles que detêm o direito de publicação sobre essa obra no Brasil: a editora Campus, ou melhor, a editora engodo, a editora farsa, ou melhor, bufa, bazófia.
Quando vamos às livrarias, temos a nítida sensação de que estamos sendo ROUBADOS. O livro custa nada menos que R$ 179,00. Mas isso não é nada, afinal estamos diante de um Clássico. Pagamos! O livro é uma brochura com 448 páginas, sendo 20 páginas de "miolo" em papel cuchê leve - leia-se barato-, com imagens monocromáticas (preto e branco). Algo que no máximo valeria R$ 70,00. Mas tudo bem... é Veyne! Após lermos o prólogo elucidativo e um sumário esclarecedor, estamos diante do primeiro capítulo em cujo título há uma nota de pé de página: "As notas de referência desta obra estão disponíveis no site da editora: http://www.campus.com.br/ ". Que loucura! Não estou lendo isso! É engano! Que nada, é verdade!
Vamos, então, ao site da famosa editora francesa Editions du Seuil(http://www.editionsdusueil.fr/) e vemos que a edição francesa tem 878 páginas contra as 448 da nacional/tupiniquim. Mas e o preço!? Que nada, o preço da francesa é 25 euros, contra 61 euros da nacional (supondo o euro a R$ 2,9) com 430 páginas a menos. Contudo o roubo não para aí, as notas que a editora se propõe a dispor, não estão no site. Pobre Veyne! Pobre Brasil! O que fazer?
1) NÃO COMPRAR O LIVRO
2) IR AO PROCON DE SUA CIDADE.
2 comentários:
Que palhaçada! O caminho é ir ao Procon. Tenho adotado muito este último, de uns tempos pra cá, uma vez que cansei de ser enganado de todos os lados. E o único recurso é esse. Melhor do que deixar pra lá, certo?
Uma pena, pois este livro estava na minha lista. Estou pesquisando justamente este período da história...
Vou me informar melhor a respeito, pra saber até onde isso pode ser feito e até onde podermos agir contra práticas dessea espécie.
Abraço e bom 2009, Paulo.
nossa!
perguntava-me agora "quem tem os direitos de publicação de Paul Veyne?"
Nossa! o rapaz deve ter até vergonha de falar sobre o tema.
Tanta coisa que poderia ser traduzida... agora faz sentido...
Bom, interesso-me pelo autor, por sua escrita e seus métodos. Estava atrás do que saiu ano passado: Foucuault, sa pensée, sa personne. vejo que não será barato, e não sairá tão cedo por aqui...
AH! salvo engano, "Sexo e poder em Roma" saiu pela editora Record ano passado. Anotei isso, pois estudo 'essa coisa inexistente' chamada sexualidade - então a informação deve corresponder.
Forte abraço.
Lucas
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